sábado, 6 de julho de 2013

A TRICOTILOMANIA E O RECOMEÇO.

    Depois de 13 meses vivendo um pesadelo que não parecia ter fim, uma dor incalculável, parece que acabo de acordar. É como se o tempo estivesse parado, os dias passando e nada mudasse. 
   Passei meses com um ressentimento do tamanho do universo, que me corroía todos os dia. Ressentimento é angústia, mágoa, ocasionada por uma ofensa, por uma desfeita, por um mal causado por outrem, ou seja, é reviver aquela dor sempre que se lembra do fato. Assim ao reviver tudo aquilo todos os dias a tristeza, a tensão, a angústia, tomavam conta de mim e assim, minhas crises de tricotilomania vieram a tona.
   Assim, passei minutos, horas e dias arrancando voluntariamente e involuntariamente, meus fios de cabelo. Não me orgulho disso, pelo contrário, pois foi ela que me levou a conhecer o que era realmente depressão. Minhas falhas começaram a aparecer e eu já não tinha coragem nem de me olhar no espelho. Até que então colegas de trabalho, começaram indiscretamente e sem a mínima noção a me questionar em alto e bom tom, porque eu estava perdendo cabelo.
   O que me tranquilizava naquele momento tão delicado, era saber que faltavam poucos dias para as férias escolares e assim, não precisaria mais ser questionada e nem mesmo correr o risco de meus próprios alunos questionarem o que muitos não entenderiam, nem mesmo adultos.
    As férias chegaram e para ajudar nunca gostei de festas de final de ano. Tudo o que eu não precisava estava ali apenas somando. Resultado de tudo isso, foram exatamente 12 dias enfurnada dentro de casa, sem a mínima vontade de pisar ao menos na calçada de casa. Nos primeiros dias passei no sofá assistindo tv, levantava apenas para comer e tomar banho. Depois a tv também não me atraia mais, passei dias no quarto tentando dormir pra não pensar.
   Mas não adianta mãe é mãe e a minha não seria diferente, sempre carinhosa, preocupada e dedicada com sua filha única. Ali estava ela, me amparando tentando me animar, mas sabendo que já não era uma simples tristeza. Então insistentemente fui ao médio e dei início a um novo tratamento de tricotilomania, o mais sério de toda minhas crises.
  Hoje após 6 meses e alguns dias, infelizmente não posso afirmar que estou 100% recuperada, que tudo esta maravilhoso e voltou ao normal, porque estaria mentindo. 
   O que posso dizer é que estou aprendendo muito com tudo isso, infelizmente as vezes, precisamos sentir coisas marcantes e que parecem não ter fim, para evoluirmos como pessoa. É difícil compreender tudo isso quando se está triste, mas quando não existe outro meio aprendemos no tranco.
   Nesse período eu já havia criado esse blog, mas o desânimo e a correria do dia a dia me impediram de prosseguir. 
   Acabei por conhecer virtualmente pessoas que também são tricotilomaníacas e que lutam tentando vencer esse distúrbio ocasionado pelo emocional, que contamina nossa mente e conduz impulsos elétricos aos nossos dedinhos, fazendo com que arranquemos nosso cabelo, mesmo sabendo o quanto isso nos dói emocionalmente. 
   E foi a partir da entrada nesse grupo, que passei a ter mais garra e vontade de lutar, tratar e vencer esse TOC. É como debatemos sempre, que pessoas julgam-nos loucos e doentes, quando na verdade não se refere a uma doença e sim a um trastorno.
   Hoje de férias, com a mente serena e o coração aberto, resolvi reiniciar e tentar mais uma vez dar continuidade no blog; pois a partir de agora, mais forte eu elaborei alguns projetos.
   Minha fé me mostrou e em fez entender que as mudanças precisam começar de dentro pra fora. Que é difícil sim, mas não impossível para aquele que crê que tudo pode naquele que o fortalece.
   A vida é feita de constantes recomeços e aos 31 anos, estou decidida a recomeçar.


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